sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

ZECA AFONSO, 19 ANOS DEPOIS



Ontem, dia 23 de Fevereiro, passaram 19 anos sobre a morte de um dos maiores cantores portugueses do século XX, Zeca Afonso.
Então, com a sua morte, a cultura, em geral e a música, em particular, ficaram mais pobres.
Na minha juventude, estive relativamente próximo do Zeca, em termos políticos e ideológicos. Hoje, estou muito distante . No entanto, continuo a pensar ter sido o cantor da senha do 25 de Abril, "Grândola, Vila Morena", um Homem de uma enorme generosidade e o porta-voz da esperança numa sociedade mais justa, ou, como ele cantou na "Utopia", "sem muros nem ameias", de várias gerações.
Seguidamente, publicamos uma das suas canções, a qual, como o leitor poderá constatar, se mantém actual.

OS VAMPIROS

No céu cinzento
sob o astro mudo
batendo as asas p'la noite calada
vêm em bandos
com pés de veludo
chupar o sangue fresco da manada

Se algum se engana
com o seu ar sisudo
e lhes franqueia as portas à chegada
eles comem tudo, eles comem tudo
eles comem tudo e não deixam nada
(REFRÃO)

A toda a parte chegam os vampiros
poisam nos prédios
poisam nas calçadas
trazem no ventre despojos antigos
e nada os prende às vidas acabadas

São os mordomos do universo todo
senhores à força
mandadores sem lei
enchem as tulhas
bebem vinho novo
lançam a ronda no pinhal do rei

REFRÃO

No chão do medo
tombam os vencidos
ouvem-se os gritos
na noite abafada
jazem nos fossos, vítimas de um credo
e nada os prende às vidas acabadas

REFRÃO

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