domingo, 19 de fevereiro de 2006

ANTÓNIO ALEIXO, POETA DO POVO

Na semana transacta, completaram-se 100 anos sobre o nascimento de um dos maiores pensadores, intelectuais e filósofos portugueses do século XX: o Professor Agostinho da Silva.
Ontem, 18 de Fevereiro, passaram 107 anos sobre o nascimento do poeta popular algarvio António Aleixo.
António Aleixo pouco sabia ler. No entanto, foi também um grande pensador, que através dos seus versos disse verdades "como punhos", como se pode constatar pelas suas quadras que abaixo publicamos.

A ninguém faltava o pão
se este dever se cumprisse
ganharmos em relação
àquilo que se produzisse

Sei que pareço um ladrão
mas há muitos que conheço
que não parecendo o que são
são aquilo qu'eu pareço

Quando se embebeda o pobre
dizem: olha o borrachão
quando se emborracha o rico
acham graça ao figurão

Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia

Qu'importa perder a vida
a lutar contra a traição
se a razão mesmo vencida
não deixa de ser razão

Qu'importa que os olhos sejam
os mais pequenos do mundo
o qu'importa é qu'eles vejam
o que os homens são no fundo

Há uma mosca sem valor
que com a mesma alegria
pousa na careca do doutor
como em outra porcaria

Vós, que lá do vosso império
prometeis um mundo novo
calai-vos, que pode o povo
querer um mundo novo a sério

P.S.: A propósito de pensadores. Há cerca de um ano, o "Nouvel Observateur" considerou o filósofo e professor universitário português José Gil um dos 25 maiores pensadores da actualidade. Quantas pessoas sabem isso? Muitos daqueles (as) que sabem na ponta da língua os nomes de qualquer jogador de futebol ou cantor(a) cujas músicas se destinam ao público pouco exigente dirão que o conhecimento de tal facto não contribui para a sua felicidade.
Esta atitude de gente que nem sabe nem quer aprender tem um nome: ILITERACIA FUNCIONAL. Que lhes faça muito bom proveito.

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