sábado, 19 de novembro de 2005

MÃO-DE-OBRA E INTELIGÊNCIA BARATA

Todos nós queremos ganhar cada vez mais. É lógico que assim pensemos, por uma questão de pretensão de uma melhor qualidade de vida, nomeadamente se nos incluirmos no grupo daquelas que pensam que uma melhor qualidade devida é ter, por exemplo, um carro melhor que o do vizinho. Por exemplo, se perguntarmos a um sueco o que é ter qualidade de vida, provavelmente ele responderá que é ter uma boa qualidade do ar. Mais deixemos isto por agora, e voltemos ao assunto do ganhar mais, pois nós somos o que somos. Neste momento, nós passamos por uma crise. Mas o que é isso da crise?
É baixo crescimento, senão nulo, do PIB? É a alta taxa de desemprego? Por ventura, será isso tudo, até mesmo uma crise cultural. Mas o que me faz escrever estas linhas, é a posição dos sindicatos. Nada me opõe a eles, pois até defendo acerrimamente a sua existência, pois são vitais numa democracia. O que eu questiono, é a sua inflexibilidade nos tempos que correm. Sabem caros conterrâneos, Portugal encontra-se numa fase terrível. Porquê? Porque estamos a meio no ciclo de internacionalização do produto. O que é que isto quer dizer? É que, por um lado, não temos uma mão-de-obra barata, como tínhamos na década de oitenta, mas, por outro lado, porque não dominamos em termos tecnológicos. Ou seja, os países do oriente são mais competitivos que nós, tendo em conta o baixo custo do labor, e os países do ocidente são mais competitivos, porque dominam as tecnologias, podendo fazer a deslocalização. E temos um outro problema, os novos parceiros da UE, nomeadamente os de leste, tem uma inteligência mais barata que a nossa. O que isto quer dizer? Os quadros superiores, bem formados, ganham muito menos que os nossos. É neste ponto que os sindicatos terão que ter alguma flexibilidade e paciência para compreender a nossa situação macroeconómica. Deverão compreender que o aumento dos ordenados tem uma correlação positiva com o aumento do desemprego. Para leigos, isto quer dizer que, podemos hoje exigir altos aumentos. Mas implicará o encerramento de muitas empresas, com o consequente aumento do desemprego. O que eu estou a falar não é em inacção dos sindicatos. Estou apenas a pedir flexibilidade.

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