No próximo domingo, dia 6 de Maio, é o Dia da Mãe. Evocando aquele Dia, publico o poema que segue, da autoria de um dos maiores poetas portugueses: Miguel Torga. O mesmo é dedicado a todas as mães, vivas ou falecidas.
Permita-me quem me ler que dedique o poema muito especialmente à minha querida mãe, falecida há pouco mais de 4 meses. 
Mãe: 
Que desgraça na vida aconteceu, 
Que ficaste insensível e gelada? 
Que todo o teu perfil se endureceu 
Numa linha severa e desenhada? 
Como as estátuas, que são gente nossa 
Cansada de palavras e ternura, 
Assim tu me pareces no teu leito. 
Presença cinzelada em pedra dura, 
Que não tem coração dentro do peito. 
Chamo aos gritos por ti — não me respondes. 
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio. 
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes 
Por detrás do terror deste vazio. 
Mãe: 
Abre os olhos ao menos, diz que sim! 
Diz que me vês ainda, que me queres. 
Que és a eterna mulher entre as mulheres. 
Que nem a morte te afastou de mim! 
Miguel Torga, in 'Diário IV'
Força, caro amigo.
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