terça-feira, 14 de dezembro de 2010

CARTA ABERTA AO CIDADÃO

Exmo. Sr. Cidadão,

Nesta altura de crises (financeira, económica, social, e outras coisas que o valha) parece que é moda dizer mal de toda a gente que tem o dever, e até talvez o direito, de decidir. Aliás, isto não é só nos momentos ditos de crise. Principalmente nos últimos 35 anos, parece que ganhámos o direito de dizer mal de todos aqueles que decidem. Antes não se podia dizer mal. Presumo que não se esqueceram. Aliás, poder, podia, mas não era a mesma coisa. Era uma vida pintada a lápis azul em vez de cor-de-rosa "chique".
Agora é vê-los dizer: "Ai se eu tivesse no lugar daquele filho da ... (pi...pi...)! Garanto que faria isto, aquilo e mais aquilo. Este país, este concelho, esta freguesia é que era! Cambada de lad...(pi...pi...). Só querem é tacho! (Acham que é tacho? Tacho é muito pobre! Talvez outras coisas…).
Em termos económicos, desde a revolução industrial têm existido períodos de prosperidade, seguidos de recessões, e assim sucessivamente. Quer seja num contexto de ciclos longos (estes mais polémicos), quer seja num contexto de ciclos de média ou curta duração, estas flutuações são recorrentes. Os nossos antepassados foram capazes de sair das crises e voltar a entrar nelas passados uns anos . Ou seja, fazendo uma extrapolação, com mais ou menos sofrimento, com mais ou menos estado social, com mais um ou menos um telemóvel, iremos sair dela, mesmo que passados uns anos voltemos a cair. Se eles conseguiram, e não tinham os meios que nós temos agora, nós também o conseguiremos. Eu também acredito que sim, se bem que este estado recessivo mundial tenha características próprias, um pouco diferente da grande depressão do primeiro quarto do século passado. Mas, para isto, temos que agir!
Cada um de nós, como cidadão, tem 3 possibilidades: ser optimista, pessimista, ou realista. No primeiro caso, é deixar-se ser espectador de um filme que todos já sabem que vai acabar bem. Basta ter calma, pois a seguir à tempestade virá a bonança! O Pessimista, por sua vez, deixa de acreditar na independência soberana do estado português e pira-se para a China, um país que respeita imenso os direitos humanos, ganha-se 10 vezes mais que em Portugal e só se trabalha 8 horas por cada meio-dia de trabalho. Por último, o realista. Este terá que olhar para trás, não para ganhar motivação para ser optimista, mas para perceber os erros cometidos e não deixar que os outros façam o nosso trabalho por nós. Que trabalho? O dever de cidadania! Esta sim, está em crise linear, com uma correlação fortemente negativa com a variável tempo. A par dos direitos de cidadão, deve emergir o dever de cidadão, no qual todos nós devemos ser actores políticos, mesmo que apartidários. Uma democracia participativa só faz sentido se cada um de nós, com o seu contributo, for capaz de ajudar na definição de um rumo comum. Para quê democracia, se nós cidadãos não queremos decidir?
O realista jamais poderá desculpar-se com factores externos. No máximo, estes poderão ser cúmplices das nossas fraquezas. Uma pneumonia subsequente de um dia de chuva nunca é causada por esta, mas pela falta de um factor interno (guarda-chuva). Neste caso, o pessimista sabia que um dia morreria de pneumonia e guarda-chuva para quê? O optimista tinha a certeza que conseguia passar entre as gotas da chuva. O realista, como estava em pleno inverno, sabia que algum dia choveria e preparou-se.
Só mais uma coisa: o tal filho da... (pi...pi...), o lad...(pi...pi...) foi eleito. Não se autoproclamou!!!!. Por isso, o culpado da má ou boa decisão não é o decisor político, é o cidadão!

8 comentários:

  1. Excelente post João Carlos. Concordo com a tua opinião.

    O que faz falta são os optimistas para animar a malta:)

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  2. Concordo com o comentário anterior.
    Excelente post, mas julgo que apela ao realismo do cidadão. Felicitações ao Negrelos Online. Apesar de ser local, deveria ter mais reflexões destas. Força.

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  3. Alguem poderia me informar aonde fica essa cidade Negrelos?

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  4. Nicholas:

    Negrelos, São Pedro do Sul, Portugal

    Coordenadas:

    40.74726, -8.06112

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  5. Menos ais, menos ais. Deixemo-nos de tretas, força nas canetas. Vamos lá cambada. Não podemos ser tansos. Temos que zelar pelo que fez o D. Afonso Henriques. Vamos levantar este povo e andar para a frente. Excelente Post no tempo e no espaço. Pensem antes de votar.

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  6. Portugal???? nossa, legal...o portugues de vcs eh praticamente igual o daki do Brasil, pelo menos na escrita...moro no Estado do Amapá, região norte aki do Brasil...

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  7. Excelente post. Faltam 4 semanas para as eleições...

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  8. gostei da ironia relativa à China.
    Quanto ao resto, JCOM, analisas bem a questão. Apenas tenho a acrescentar que dificilmente sairemos da crise com os seus causadores (actuais e passados).

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