quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O NATAL CONSUMISTA E O NATAL CRISTÃO

No Natal, comemora-se o nascimento de Cristo, o qual tem uma mensagem libertadora (do pecado e da injustiça social e humana).
O Filho de Deus nasceu numa manjedoura. Viveu pobre e foi operário carpinteiro, trabalhando com Seu Pai, S. José. Significa a vida de Jesus que para se ser cristão e entrar no reino de Deus é preciso viver pobre também? Não, significa que a riqueza e a pobreza são questões morais. Ser rico não é crime nem pecado, desde que tal se consiga de forma honesta. Significa também que a propriedade e a riqueza individuais são, sem dúvida, direitos que realizam o ser humano, mas têm que estar ao serviço de toda a comunidade. Como dizia Cristo, "os bens da Terra são de todos". Mais: significa um combate permanente contra a pobreza e a exclusão social.
Quando um sem-abrigo dorme na rua embrulhado em cartões, é Cristo que ali dorme.
Quando alguém perde o emprego, é Cristo que fica desempregado.
Quando alguém passa fome ou frio, é Cristo que está faminto ou enregelado.
Recentemente, uma reportagem sobre o Natal passada na televisão paga com os impostos de todos nós, a RTP ao serviço de todos os governos, falava apenas de consumo e mais consumo. Esquecia tudo o que atrás vai dito. Quem não soubesse que data se comemora no próximo dia 25, continuaria a não saber. Infelizmente, estamos perante uma tendência cada vez maior nas sociedades actuais, onde impera o consumismo e escasseia a solidariedade, a fraternidade e a defesa do bem comum. Todos os homens e mulheres de boa vontade, independentemente de serem cristãos, de outra qualquer religião, ou não crentes, certamente chegam a esta conclusão.
Esta tendência social reflecte-se na classe política que temos. Há poucos dias, os dois principais líderes partidários, José Sócrates e Manuela Ferreira Leite, nos jantares de Natal dos grupos parlamentares dos seus partidos, debitaram uma série de banalidades alheias à situação económico-social que vivemos.
Não vivemos no mundo das maravilhas de que falava a reportagem da RTP em causa. Estamos quase como a Grécia. Ou seja, não longe da falência do Estado. Isto mesmo, caro leitor(a). Não se limite a ler apenas a imprensa desportiva e cor de rosa. Leia o que dizem economistas, analistas e outros especialistas em matéria económico-financeira, de "direita" ou de "esquerda", sobre a matéria em causa.
Nos ditos jantares, o chefe do governo e a líder do maior partido da oposição, além de demonstrarem não ter intuido bem tal matéria, não fizeram a mínima referência aos pobres e marginalizados, não fosse tal estragar a refeição dos comensais.
Poderão alguns dizer: lá está este a querer salvar o mundo. Felizmente, não sou o único a denunciar estas injustiças e aldrabices. Muita gente de influência mundial o tem feito, a começar no Papa Bento XVI.
A todos os colaboradores, leitores e amigos do NEGRELOS ON LINE, desejo um bom Natal e um feliz 2010.

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