Segundo diversas notícias e artigos de opinião publicados pelo Dr. Jaime Gralheiro e Mário Almeida, respectivamente presidentes da Assembleia Geral e da Direcção do Cénico - Grupo de Teatro Popular, na imprensa sampedrense, aquela agremiação cultural poderá ver o seu fim brevemente.
O Cénico surgiu vários anos antes do 25 de Abril, tendo sido fundado pelos Drs. Jaime Gralheiro, José Barata e Manuela Cruzeiro, com objectivos de animação cultural, mas também de contestação ao regime autoritário então vigente. Como disse, há 20 anos, o Dr. Jaime Gralheiro, em entrevista concedida ao autor destas linhas, na "Gazeta da Beira", "o teatro mete-se com a sociedade, provoca a sociedade". Sempre foi essa uma das suas funções.
Muitos jovens, mas também pessoas menos jovens, aderiram àquele projecto, sabendo que poderiam ter - o que aconteceu - problemas com a censura e a polícia política de então, a PIDE. Mas a disposição era grande para enfrentar e ultrapassar essas adversidades.
Antes do 25 de Abril, recordamos as exibições das peças "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, "A Sapateira Prodigiosa", de Garcia Llorca, e outras pelo Cénico.
Após aquela data libertadora, o grupo fez sucesso com "Arraia Miúda", "O Homem da Bicicleta", dramatização do romance "Até amanhã, camaradas", escrito por Álvaro Cunhal, "Lafões é um Jardim", "Dantas, Almada e Cª", e outras de que agora não nos recordamos.
Pelo Cénico passaram diversos negrelenses, que ainda hoje afirmam ter aquela passagem sido importante para a sua formação cultural e humana .
O fim do "Cénico" será mais um rude golpe na cultura sampedrense, como foram os fins do Orpheon e de outros grupos teatrais do passado, que já não conhecemos . Esta parece ser a "sina" cultural e intelectual de S. Pedro do Sul. Ou será que esta terra tem nem mais nem menos do que aquilo que merece?
Pela nossa parte, esperamos que seja encontrada uma solução que salve o "Cénico".
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